11/30/2016

Comunhão


        Durante muito tempo ouvimos o assustador rumor das manhãs. O vazio das horas dilatadas. O clamor dos olhos incrédulos.
        Mas os portões permaneceram abertos. E no fulgor do silêncio foram, enfim, transpostos.
        Então os campos abertos fecundaram nossas mãos. E os vinhos de Espanha enrubesceram nossas pernas.
        Finalmente teus sorrisos preencheram o vasto espaço da cama. Teu cheiro impregnou as paredes turvas. E o perfume de teus lábios ecoou a lua crescente.
        Ao pé da aurora partilhamos a mais longa aragem. E no repouso dos dias límpidos os girassóis amadureceram em nossos corpos esgotados.

        Assim o infinito fez-se ainda mais profundo.                       

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